CENÁRIO DE GUERRA: Abarrotadas de pacientes, UPAs evidenciam colapso da saúde em Curitiba

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Transformadas na última semana numa espécie de hospital para pacientes com Covid-19 (casos suspeitos e confirmados), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba estão se tornando numa das faces mais evidentes do colapso no sistema de saúde. Depois de fecharem as portas para urgência e emergência, os estabelecimentos já encaram um verdadeiro cenário de guerra, tendo de lidar com a falta de insumos e equipamentos, o número insuficiente de profissionais e uma demanda extraordinária por atendimento, que já deixa as unidades abarrotadas de pacientes.

As imagens acima, por exemplo, foram todas feitas na tarde desta terça-feira (16 de março). Duas delas mostram pacientes aguardando por atendimento em frente a UPA do Boa Vista. Outras duas, uma fila de ambulâncias na UPA do Campo Comprido, aguardando para poder deixar pacientes no local – socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) relataram que a demanda está intensa no dia de hoje, assim como foi ao longo da última semana. E as duas últimas retratam o movimento intenso na UPA do Pinheirinho. “Não para de chegar gente”, relata o fotógrafo do Bem Paraná, Franklin de Freitas. “Lotado dentro [da UPA], lotado o espaço destinado para espera do lado de fora e fila”.

Dento dos estabelecimentos de saúde, porém, a situação é ainda mais dramática. “Temos pacientes clínicos ficando com paciente Covid confirmado. O distanciamento entre as camas e poltronas muitas vezes não existe, fica uma encostada na outra. Se um paciente faz parada [cardiorrespiratória], precisa fazer procedimento de emergência, você perde muito tempo tendo de afastar as outras camas”, relata uma enfermeira que pediu para não ser identificada. “Em um destes plantões, ao tentar tirar um paciente de uma maca para poder reanimar outro paciente que chegou em parada cardiorrespiratória, a maca virou e veio para cima dos profissionais. Dois deles se machucara”, relata ainda outra profissional da linha de frente.

Na última sexta-feira, inclusive, a situação das UPAs foi citada pelo prefeito Rafael Greca para justificar a imposição de um lockdown na capital paranaense. Segundo o político, na última quarta-feira o município abriu 240 leitos para pacientes Covid nesses estabelecimentos. Um dia depois todas essas vagas já estavam lotadas. “Pensávamos que iriam ficar vazias por um bom tempo”, comentou ainda Greca na ocasião.

 

Informações AEN PR