No auge de seus 45 anos, Vando Ronsani vive a expectativa de estrear no comando do Mangueirinha. A equipe, que retorna à Série Bronze após 11 anos, será o terceiro clube em sua carreira de treinador.
O início em Três Barras
Nascido em Três Barras do Paraná, no oeste paranaense, Vando iniciou a trajetória no esporte no futebol de campo. “Comecei aos 17 anos, por incentivo dos professores Francisco Baldin e Paulo Teisser”.
Dos gramados para as quadras, Vando passou a disputar competições regionais. Em um amistoso contra o Cascavel, o fixo despertou o interesse de Nei Victor.
O ano era em 1997. A Serpente Tricolor nem sequer disputava a Série Ouro do estadual. “O Nei me viu jogando e me chamou para trabalhar com ele. Disputamos a Prata naquele ano, fomos campeões”, conta.
Cravando o nome na história
Entre 1997 e 2009, Vando fez parte das principais conquistas do Cascavel.
Entre o fim do milênio e 2009 – última temporada em que atuou pelo clube -, Vando tornou-se um dos principais nomes do time. Foi tricampeão da elite, entre 2003 e 2005. “Fui um dos que mais vestiu a camisa do Cascavel. Nunca fui de contar gols, mas fiz muitos, principalmente em jogos decisivos”, lembra.
As boas atuações lhe outorgaram a convocação para a Seleção Paranaense. Passou três anos na Itália, chegando a atuar pela Seleção do país.
Em 2006, ao lado de Lavardinha, deu ao extinto Atlético Patobranquense o título da Série Ouro. Cinco anos depois, quando o atual Pato Futsal era embrionário, disputou a Série Prata pelo clube.
Após a passagem pelo Saudadense, pendurou as chuteiras em 2013.
Em 2006: Atlético Patobranquense campeão da Série Ouro
Vando comandante.
Em 2015, aceitou ser técnico do Mariópolis, na terceirona. E logo na primeira experiência como comandante, Vando garantiu o acesso à Série Prata. Ficou na equipe até o fim de 2018. No ano passado, dirigiu o Coronel, onde o acesso à elite não veio “por detalhes”.
Semelhanças com Nei Victor
Nei Victor e Vando, durante amistoso entre Cascavel e Mariópolis, em 2018
Quem já acompanhou Vando Ronsani comandando uma equipe, sabe que o treinador tem peculiaridades. Na beira da quadra, ao mesmo tempo em que gesticula e chama a atenção do time, o incentiva. As decisões da arbitragem costumam ser contestadas. Vando vivencia o jogo à flor da pele.
Essas características deixam vestígios da influência do longo período de convivência com Nei Victor. “Acho que sou parecido com ele. O Nei não admite perder, quer o atleta trabalhando duro todos os dias.
Espelho muito nele. Não é para qualquer um trabalhar em Cascavel por 20 anos, onde a torcida cobra muito”, comenta.
Panorama da Bronze 2020
Dono de carreira regada a títulos invejáveis como jogador, Vando quer ser campeão pela primeira vez como técnico.
O Mangueirinha deve estrear na Bronze em 5 de setembro. O time está no Grupo A, ao lado de CAC, Candói e Domingosoarense.
“São adversários complicados.
O CAC é tradicional, já disputou a Série Prata, e tem um elenco entrosado. Considero-o franco favorito do grupo. O time de Coronel Domingos Soares disputou o campeonato no ano passado. Enquanto isso, nosso time está em formação. Nem começamos a treinar com bola. Quando houve a paralisação, estávamos encaixando o time, e precisaremos começar tudo de novo”, lamenta.
Antes da pandemia, a Série Bronze de 2020 fora anunciada como a maior da história, com 33 integrantes. Mas a crise sanitária e financeira a qual muitos municípios atravessam, fez com que 13 clubes desistissem da disputa.
O Mangueirinha sobreviveu e agora se prepara para um campeonato enxuto. Na contrapartida, pode-se dizer que terá um caminho mais largo para chegar ao acesso: por conta da menor concorrência e da decisão da Federação de ampliar de quatro para seis o número de vagas para a Série Prata.
“A fórmula de disputa não é agradável. Têm grupos com mais, outros com menos equipes. Fica difícil apontar quem será favorecido ou não. Quem tem três jogos, terá maior facilidade para controlar cartões e lesões”.
O elenco Mangueirense
Elenco e comissão técnica do Mangueirinha para a Série Bronze 2020
A formação do elenco mangueirense teve participação direta de Vando. Os experientes Dieguinho, Douglas Pato, Fio e Tomada, estão entre os reforços.
“O elenco tem alguns jogadores de Mangueirinha, que eu ainda não conhecia, que são indicações da diretoria.
O time é formado 70% por jogadores da casa, que durante o dia trabalham em outros empregos, e à noite vão treinar. Alguns atletas eu escolhi a dedo, pois são bons dentro e fora de quadra. A importância de ter um grupo em que você possa confiar, que queiram ajudar o clube a crescer, é fundamental”, explica.
Apesar da determinação para alcançar o primeiro título como treinador, Vando acredita que a conquista mais relevante nas divisões intermediárias do estadual é o acesso. “É muito difícil. Seria interessante conseguir a vaga na Prata no primeiro ano, como foi no Mariópolis.
A diretoria não nos pressiona para isso. Ela quer uma campanha que demonstre a intenção de se consolidar, e não disputar um ou dois anos e parar”.
Informações. “Por Juliam Nazaré”,
Jornal correio do povo