Paraná registra 10 novos casos e três mortes por câncer de próstata a cada dia

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Segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele, as neoplasias de próstata devem acometer mais 3.560 paranaenses neste ano. É o que aponta a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o que aponta ainda para uma média de 47 novos diagnósticos para cada 100 mil habitantes.

O movimento “Novembro Azul” é um alerta à população para a conscientização sobre os riscos da doença e a importância do diagnóstico precoce para o tratamento e a cura. No Brasil, um em cada quatro homens não faz o exame médico necessário para detectar o câncer de próstata. Com o diagnóstico precoce, o paciente aumenta em 80 a 90% a chance de cura. Em casos avançados, esse índice cai para
Dados do Erasto Gaertner, inclusive, ajudam a reforçar a importância da prevenção. No hospital, para cada 100 mulheres que são diagnosticadas com câncer de mama, 65 a 70 são curadas. Por outro lado, para cada 100 homens com câncer de próstata, apenas 45 a 50 são curados. Isso significa que os homens têm hoje praticamente a mesma quantidade de câncer que as mulheres (estimativa de 3.560 casos de câncer de próstata contra 3.470 de mama em 2020), mas curam 20% menos. E isso acontece não porque os tumores são mais agressivos, e sim porque eles detectam o câncer num estágio já mais avançado, quando a chance de cura é menor.

Em suma, os homens ainda não se cuidam tão bem como as mulheres, conforme aponta também o médico urologista Manoel Antônio Guimarães.

“[No atendimento] é muito comum vermos as mulheres levando seus maridos ao consultório. Mães levando filhos. Então é preciso que os homens assumam esse protagonismo, tenham hábitos saudáveis e procurem o acompanhamento médico. Que combatam a diabetes e a hipertensão, não fumem, evitem o álcool em excesso e pratiquem atividade física, pois isto faz diferença”, aconselhou o médico, que recentemente participou da inauguração da campanha Novembro Azul na Câmara Municipal de Curitiba.

Diretora médica do laboratório Frischmann Aisengart, Myrna Campagnoli destaca que os homens devem se preocupar já a partir dos 45 anos com esse tipo de câncer e também com a possibilidade de desenvolvimento de outras doenças. Por isso, a consulta com um urologista é imprescindível acima dos 50 anos, bem como a realização dos exames que fazem o diagnóstico.

Os exames de toque retal e de sangue específico (PSA), mais a ressonância multiparamétrica da próstata, são indicados para o diagnóstico não invasivo do câncer de próstata. No entanto, o diagnóstico só é possível por meio de uma biópsia do órgão. “Daí a importância de o paciente estar em contato com o especialista para o rastreio da doença”, conta Myrna.

O tratamento pode incluir cirurgia, radioterapia ou hormonioterapia, seja isoladamente ou combinadas para os casos mais agressivos. Em tumores menos graves ou em pacientes com idade avançada e com outras doenças mais sérias, os médicos podem optar apenas pelo acompanhamento, sem intervenção. “Quando a detecção é precoce, em alguns casos é possível evitar a metástase. E claro, uma dieta saudável e a prática de atividade física regular podem ter algum benefício na prevenção”, finaliza.

Além do grande número de diagnósticos, o câncer de próstata também é responsável por um grande número de vítimas todos os anos. Em 2019, por exemplo, foram registradas 15.852 mortes em todo o país que tiveram a neoplasia como causa de óbito, sendo que apenas no Paraná foram 925 registros. Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.

Considerando ainda a série histórica do Ministério da Saúde, desde 1996 o número de óbitos causados pelo câncer de próstata avançou 161,28% no Brasil e 113,63% no Paraná. Apenas no estado, foram 17.907 óbitos entre 1996 e 2019, sexto pior resultado de todo o país, atrás apenas de Bahia (19.014), Rio Grande do Sul (22.196), Minas Gerais (27.428), Rio de Janeiro (29.453) e São Paulo (61.109).

Doença é praticamente invisível durante sua evolução, por isso merece atenção.

O câncer de próstata é assintomático durante boa parte da sua evolução. Eventuais sintomas podem começar a aparecer, como dificuldade de urinar ou necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou a noite. Em casos mais avançados pode haver inclusive o comprometimento dos ossos do corpo e fraturas patológicas (sem associação a traumas).

“A doença é essencialmente indolente na maioria dos homens, por isso os médicos só conseguem diagnosticar a partir do resultado da biópsia, que é indicada em caso de elevação do PSA [exame de sangue que identifica o Antígeno Prostático Específico, enzima produzida pelo corpo], de alteração no toque retal [exame clínico realizado no consultório], ou de ambos”, diz Myrna.

Informações bem Paraná